[Janelas] Para começo de conversa

Sou jornalista de formação acadêmica – pela Universidade Federal do Ceará – e, depois de trabalhar mais de 20 anos em uma redação de jornal – O Povo, além de uma rápida passagem pela TV Cidade, quando era plantonista para somar o apurado e construir o muro da minha casa -, decidi escrever sem pressa, sem obrigação e sem limites; liberta. Decidi escrever, simplesmente. Assim, como quem ama.

Este blog é mais invenção e crença dos amigos do que minhas. Eles vivem me dizendo para juntar as postagens do Facebook e do Twitter, as legendas do Instagram, os manuscritos da agenda, as conversas no meio do expediente, o pensamento desgarrado, os poemas e as crônicas do caminho…

Finalmente, peguei corda e uma máquina fotográfica emprestada da minha irmã, depois, ganhei um smartphone. Juntei a fome da escrita com a vontade de comer melhor. E de viajar, e de contar como foi, e de descobrir como é, e de garimpar a vida, e de amenidades. Não é um mundo alheio ao mundo real e absurdo destes tempos; é um mundo paralelo e possível, um refúgio e uma revolução cotidianos, uma reserva de ensinamento e subversão. Um canto, em meio ao caos, onde guardo desperdícios: o amanhecer, o entardecer, o voo de um pássaro, o caminho de uma formiga, a cor de uma flor, a chegada da chuva, a letra das mães…

Além disso, resolvi aprender a cozinhar (uma terapia necessária – rs) e este é um blog que se tece também com esse aprendizado sobre fazer escolhas, sobre aproveitar o que se tem, sobre o alimento de cada dia.

Escrevo de casa, uma construção que ajudei a desenhar e que chamo de “Casa do Abraço, em Pasárgada”. Convido você a entrar pela cozinha, que é de onde tenho extraído sabores e combinações do (e para o) cotidiano. Até ousar temperar, absolutamente sozinha, um frango (na verdade, um peito de frango!) ou fazer uma lasanha de berinjela, eu não sabia que conseguiria elaborar – com gosto – um almoço de Natal. E é quase igual como quando eu brincava de casinha na infância. 

O blog Ana dos Suspiros tem esse começo e, porque é feito de vida, vai recomeçar muitas outras vezes. Quer, por exemplo, ser livro quando crescer. (Mas essa é outra história). Junta vontades, crenças, receitas, roteiros, mundos, descobertas, pensamentos, memórias, afetos, imagens, palavras… Traga as suas e seja bem-vindx!

uma formiga de cor marrom carrega uma flor de cor azul e branco. A formiga caminha sobre um chão de pedra.
Esta foto foi tirada no jardim do jornal O Povo, onde trabalho, no meio de uma conversa com meu amigo passarim. Era uma conversa sobre cansaços e finitudes, sobre a carga de cada dia em tempos de chumbo, sobre procurar saídas… quando uma formiga, carregando uma flor, vencendo o chão de pedras, cruzou o olhar. Seguimos, então, a formiga. 
foto: Demitri Túlio. 

P.S. O codinome Ana dos Suspiros me foi dado por meu amigo passarim, também jornalista, Demitri Túlio, nos dias em que eu andava suspirando por conta das histórias de amor, na redação do jornal O Povo. Faz muito tempo – até já amei, desamei, amei, desamei, amei – mas certas sentimentalidades ainda me comovem. Aproveito o codinome, então, para significar também meu novo tempo de aprendiz de cozinheira! E a reedição do blog é possível pelas mãos da minha irmã preferida, e única, que é mais bonita e mais inteligente do que eu. É ela quem cuida do design e dos códigos por trás da página pronta. Eu só faço escrever mesmo.

(publicado, originalmente, em 3 de janeiro de 2014. Reescrito em 1 de agosto de 2019)

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